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Tributo Reggae a Cássia Eller: Uma Conversa Exclusiva com Fernando Nunes

Escrito por em 21 de Dezembro de 2023

Lançamento do Álbum ‘Cássia Reggae Vol. 3

 

Os amantes do reggae e fãs de Cássia Eller, ganharam nos últimos dias um presente especial, um álbum inteiro em homenagem à artista com suas canções em versão reggae.

Produzido em parceria com a Universal Music, Fernando Nunes, baixista de Cássia e a Royal Reggae Band, o álbum “Cássia Reggae” reuniu artistas de renome nacional e internacional, que eram amigos de Cássia, e artistas que com certeza ela gostaria de ter conhecido. O trabalho já está disponível nas principais plataformas de streaming. Batemos um papo com Fernando Nunes, que nos contou um pouco sobre o processo criativo deste álbum, confira:

⦁ De onde nasceu a vontade de cantar Cássia Eller em versão Reggae?
Eu já tinha feito antes uma homenagem reggae a Djavan, chamado JAHVAN, daí me fizeram um convite para fazer um show inspirado nesse disco. Aí pensei que poderia seguir na mesma ideia.

⦁ O reggae tem uma sonoridade única e cativante. Como o ritmo influenciou a escolha do repertório para o álbum “Cássia Reggae Vol. 3”? Houve algum desafio em adaptar canções de Cássia Eller para esse estilo?
A escolha das músicas seguir um critério baseado na estrutura que o reggae permitia, seguíamos um limite intuitivo de qual música combinava com o estilo e qual não combinava, muitas ficaram de fora, um exemplo foi a “Nós”, essa por mais que tentamos, não ficava bom.

⦁ Sabemos que por vezes o reggae é marginalizado e ignorado pela grande mídia, vocês sentiram alguma resistência por querer gravar canções da Cássia em versão reggae?
O mundo inteiro ama reggae, creio que isso é um detalhe que se existe, podemos reverter trazendo lindas canções como as que estão no Cássia Reggae.

⦁ O Cássia Reggae tem a proposta de reinterpretar canções de Cássia Eller no estilo reggae. Como a banda aborda inovações musicais para trazer uma nova perspectiva às músicas da artista, mantendo ao tempo a essência do reggae?

Chamei a Royal Reggae Band para ser a banda principal do disco, então eles tocavam as músicas com o pensamento reggae e aí as coisas se desenrolaram com muita naturalidade.

⦁ Com tantos artistas talentosos envolvidos, como foi o processo de seleção para escolher quais músicos participariam de cada faixa? Houve alguma surpresa ou colaboração que se destacou durante o processo de produção?

A seleção de artistas partiu do princípio de que seriam artistas que Cássia admirava e outros que se ela estivesse aqui, ia amar conhecer. Acho que a grande surpresa foi ter a presença dela cantando conosco Eleanor Rigby, a Universal Music nos cedeu a voz isolada da gravação que está no seu primeiro disco.

⦁ O álbum “Cássia Reggae Vol. 3” abrange uma variedade de estilos musicais, desde reggae até rap e eletrônica. Como a banda equilibrou esses diferentes estilos para criar uma experiência coesa e única para o ouvinte?

Penso que o próprio estilo reggae já se fundiu no passado com a música inglesa, o rock também acho que já é considerado também um produto brasileiro, pela variedade de artistas que aqui fazem parte desse nicho. Então partindo desse princípio, nos deu liberdade de misturar e levar para lugares diferentes.

⦁ Como a banda percebe o impacto do projeto “Cássia Reggae” na cena musical brasileira? Vocês acreditam que essa iniciativa pode influenciar outras bandas a explorarem fusões de gêneros em homenagens semelhantes?

Creio que com a presença dessa constelação de estrelas da nossa música, o reggae no Brasil ampliará seus horizontes e trará para o cenário novas tendências de discos no estilo, que assim seja…

⦁ Como a banda percebe seu próprio desenvolvimento artístico ao longo das três partes da trilogia “Cássia Reggae”? Houve mudanças significativas na abordagem musical ou na produção que vocês gostariam de destacar?

Nesse aspecto, cada artista que participou de suas devidas músicas escolhidas para cantar, deram um toque pessoal, assim nós da banda tivemos que entender cada universo e nele nos portar de maneira adequada.

⦁ Fernando você acompanhou Cássia Eller por grande parte de sua carreira, como sua presença contribuiu para a autenticidade e respeito à obra de Cássia Eller ao longo do projeto?
Foi uma missão que me foi dada e com muita honra, prazer e amor, retribuo em gratidão ao que Cássia Eller nos deu de uma forma espontânea.

⦁ Entre as oito músicas inéditas de “Cássia Reggae Vol. 3”, há alguma em particular que a banda considera sua favorita? Se sim, qual é o motivo por trás dessa escolha?

Cada um de nós tem sua música favorita em particular, a minha é “ Luz dos Olhos“, motivo pessoal.

⦁ A escolha de lançar o álbum em dezembro, mês de nascimento e morte de Cássia Eller, teve alguma influência nas vibrações e na atmosfera do álbum? Como essa decisão afetou a produção e a intenção por trás do projeto?

Com certeza, foi muito emblemático fechar a trilogia no aniversário dela, como também seu primeiro lançamento no dia 1º de julho, título da canção que Renato Russo fez para ela.

⦁ Considerando os dois álbuns anteriores da trilogia, como a banda percebeu a recepção do público e da crítica? Houve algum feedback que influenciou as decisões tomadas durante a produção do “Cássia Reggae Vol. 3”?

Todo álbum foi concebido num só tempo, a distribuição dos volumes foi uma questão só de ordem, mas todos têm a mesma vibração e importância no objetivo de homenageá-la.

⦁ O reggae muitas vezes se mistura a outros estilos musicais. Como a banda equilibrou a fusão do reggae com diferentes gêneros, considerando a diversidade de artistas participantes, como Andreas Kisser e Barrett Martin?

Como já disse aqui, o reggae é um estilo que já lhe já se misturou em outros países, aqui no Brasil já temos o nosso estilo e misturamos com outros mais. Exemplo: “Coroné Antônio Bento“, eu chamo de Xaxado reggae e Eleanor Rigby, eu chamo de Heavy reggae ,rs…

⦁ A participação de Peter Buck, da banda americana REM, adiciona uma dimensão internacional ao álbum. Como se deu essa colaboração?

Peter Buck estava no Rock in Rio no mesmo palco em que Cássia tocou e tive a oportunidade de gravar com ele no segundo disco solo de Nando Reis gravado em Seattle. Reencontrei com ele no ano passado e tocamos juntos. Quando ele soube que estávamos fazendo esse tributo, logo quis também participar. Barrett Martin (Screaming Trees), também estava no disco do Nando Reis, foi através dele que Peter veio, e Barrett também participou de shows da Cássia. A presença dos dois juntamente com Andreas Kisser na “Eleanor Rigby” expande o álbum para os horizontes internacionais.